Opinião: Segundo turno das eleições presidenciais
Nos últimos dias, o Brasil tem vivido um momento político no mínimo interessante. A eleição presidencial, que parecia decidida, sofreu uma reviravolta com a expressiva votação que recebeu Marina Silva, que tem sido apontada por analistas como a responsável pela ida de Dilma Rousseff e José Serra para o segundo turno. A quantidade de votos recebida por Marina, e também por outros candidatos que, apesar de menos votados, conseguiram aparecer e pautar temas relevantes para a sociedade, como Plínio de Arruda Sampaio, fez cair por terra a polarização que parecia determinar o pleito. Isso mostra que o discurso de uma terceira via, que não está dentro das tradicionais oposição e situação, alcançou uma parcela importante do eleitorado, e deve ser levado em conta.Entretanto, o momento atual é de opção por uma das duas propostas em disputa, e cabe às eleitoras e aos eleitores escolher aquela que está mais próxima de sua visão de mundo, de modelo de país e postura ética. A ABONG acredita que, durante este período de duros embates que devem caracterizar o segundo turno, precisamos estar atentos e defender de forma intransigente os princípios e bandeiras de luta que fundam e unificam nossa Associação.
Dessa forma, apoiaremos propostas que demonstrem compromisso com a justiça social e com a promoção da igualdade, com a ampliação e fortalecimento da democracia participativa, incluindo a necessidade de uma reforma política ampla, pautada por preceitos éticos, e com a defesa dos direitos humanos a partir dos pontos expressos no 3º Programa Nacional de Direitos Humanos, o PNDH 3.
Ao mesmo tempo, repudiamos a desqualificação de qualquer candidata ou candidato a partir da disseminação de mentiras e informações distorcidas, assim como a deslegitimação de candidaturas com base em críticas à opiniões pessoais sobre temas considerados polêmicos, como a legalização do aborto, a pena de morte ou o direito à propriedade. Entendemos que todas as cidadãs e todos os cidadãos têm direito de expressar suas convicções pessoais, ressaltando que a tentativa de fazer crer que um presidente ou uma presidenta possam impor suas crenças pessoais a um país não passa de manipulação da opinião pública.
Um dos papéis de uma organização como a ABONG é justamente fazer o trabalho de contra-informação, contribuindo para a educação política da sociedade ao desmentir e explicar que decisões como essas são tomadas pelo Legislativo e se tornarão lei na medida em que correspondam à vontade popular, como acontece em uma democracia.
Esperamos assim contribuir para que o período reservado ao segundo turno das eleições presidenciais possa realmente ser caracterizado por um momento de debates e disputa política de projetos, sem rebaixamentos de qualquer espécie. Somente assim conseguiremos aproveitar mais essa oportunidade para elevar o nível de consciência política de nossa sociedade e construir o real fortalecimento de nossa democracia.
Fonte: http://abong.org.br/informes.php?id=1667&it=1668, acessado em 15/10/2010
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