De: Jorge de Lima
Vejo sangue no ar, vejo
o piloto que levava uma flor para a noiva, abraçado com a hélice.
E o
violinista em que a morte acentuou a palidez, despenhar-se com sua cabeleira
negra e seu estradivárias. Há mãos e pernas de dançarinas arremessadas na
explosão.
Corpos irreconhecíveis identificados pelo Grande Reconhecedor.
Vejo
sangue no ar, vejo chuva de sangue caindo nas nuvens batizadas pelo sangue dos
poetas mártires. Vejo a nadadora belíssima, no seu último salto de banhista,
mais rápida porque vem sem vida.
Vejo três meninas caindo rápidas, enfunadas,
como se dançassem ainda.
E vejo a louca abraçada ao ramalhete de rosas que ela
pensou ser o paraquedas, e a prima-dona com a longa cauda de lantejoulas
riscando o céu como um cometa. E o sino que ia para uma capela do oeste, vir
dobrando finados pelos pobres mortos.
Presumo que a moça adormecida na cabine
ainda vem dormindo, tão tranqüila e cega!
Ó amigos, o paralítico vem com
extrema rapidez, vem como uma estrela cadente, vem com as pernas do vento.
Chove sangue sobre as nuvens de Deus.
E há poetas míopes que pensam que é o
arrebol.
Fonte da Imagem da Internet:
Sobre Linha:
Recordo incessantemente o modo condizente desse texto, quando foi apresentado a mim: - Sobre uma cama.
Dois corpos.
Um olhar que se contradizia ao meu.
De forma singela, bonita e com vestígio de uma saudade de velhos tempos.
*Foram 3 encontros!
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