27 de agosto de 2013

Ser gay é tão mais do que isso.

Um relato sobre à última "4º Marcha da Visibilidade Lésbica e Bissexual de Belém".
Mas acima de tudo é preciso ressaltar a luta política do movimento e principalmente os equívocos e preconceitos ainda muito corriqueiros, que levam à uma distorção e banalização do evento. De dentro pra fora, de fora pra dentro!

Por: Fernando Gurjão Sampaio (Um olhar cauteloso, sincero e verdadeiro por via...)

***
Chegamos em casa e descobrimos que a Parada Gay termina justo aqui na Praça da República.

 Primeira coisa: nem sei se é a Parada Gay, mas foi isso que me falaram.

Segunda coisa: o inferno é aqui.

 Na frente da Caixa Econômica rola uma briga envolvendo umas 50 pessoas. Eles formaram uma roda e a briga rola lá dentro. Depois de um tempo chegam Guardas Municipais e PMs, a briga termina, mas a roda segue ali.

 Vindo da Riachuelo vem outro grupo trazendo uma menina desmaiada. Não sei o que ela tem, mas eles parecem desesperados. Tentam parar um ônibus, que engata e segue em frente quase atropelando muitos. Param um taxi e tentam convencer o motorista a socorrê-la. O homem se nega e começam a socar e chutar vidros e lataria. O homem arranca em alta velocidade. Por fim, param uma van, jogam a menina dentro e partem alguns com ela. Os que ficam arrumam os cabelos com as mãos e saem gritando e rindo, já voltando para a festa.

 Muitas pessoas no meio da rua. Motos da GBel passam quase atropelando-os tentando, em vão, fazer o trânsito fluir.

 Muita gente porre, mas muito porres, embriagados mesmo. Todos gritam e fingem brigar e gritam uns com os outros.

 Passa uma van e segue muita correria. Mesma coisa com ônibus. Muita gente querendo chegar em casa, mas muitos motoristas queimando parada querendo evitar problemas.

 Mais uma briga. Uma mulher grita com um cara que paquerou a namorada dela. Pelo porte da gritante, o cara vai levar porrada.

Na volta da garagem, um casal transa, acho que transa, numa das reentrâncias da parede do Basa. É a mesma reentrância na qual as pessoas mijam, então o cheiro não favorece qualquer romance.

 Mais acima, na Carlos Gomes, entre dois carros estacionados ao lado do Hilton, uma moça gorda urina e ri das piadas que as amigas, em pé ao lado, contam.

 Dobrando a Carlos Gomes na Presidente Vargas, um taxista do ponto do Basa me reconhece e diz: Dr. tome cuidado, eles estão loucos, até tiro já rolou. Eu agradeço a preocupação e sugiro que ele vá mais cedo para casa. Ele aceita ao ver a baderna ao redor da mijante que mija quase ao lado dele.

 Já na frente do prédio passa um carro com som alto tocando tecnobrega. Segue uma gritaria alucinada e muitas mãos para cima, alguns tremendo. O carro passa e todos voltam ao normal.

Na portaria, brinco com uma vizinha: só chuva de granizo para dispersar esse povo. A vizinha responde que não adiantaria, visto a quantidade de vinho que estão bebendo. O bafo de alcool segue à quentura do asfalto e nos atinge na portaria.

 Isso tudo foram observações, mas segue uma breve opinião: Ser gay é tão mais do que isso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário