Em 1973 um crime bárbaro chocou o Brasil. Seu desfecho
escandaloso seria um símbolo de toda a violência que se comete contra as
crianças.
Com apenas oito anos de idade, Araceli Cabrera Sanches foi
sequestrada em 18 de maio de 1973. Ela foi drogada, espancada, estuprada e
morta por membros de uma tradicional família capixaba. O caso foi tomando
espaço na mídia. Mesmo com o trágico aparecimento de seu corpo, desfigurado por
ácido, em uma movimentada rua da cidade de Vitória (ES), poucos foram capazes
de denunciar o acontecido. O silêncio da sociedade capixaba acabaria por
decretar a impunidade dos criminosos.
Os acusados, Paulo Helal e Dante de Brito Michelini, eram
conhecidos na cidade pelas festas que promoviam em seus apartamentos e em um
lugar, na praia de Canto, chamado Jardim dos Anjos. Também era conhecida a
atração que nutriam por drogar e violentar meninas durante as festas. Paulo e
Dantinho, como eram mais conhecidos, lideravam um grupo de viciados que
costumava percorrer os colégios da cidade em busca de novas vítimas.
A capital do estado era uma cidade marcada pela impunidade e
pela corrupção. Ao contrário do que se esperava, a família da menina silenciou
diante do crime. Sua mãe foi acusada de fornecer a droga para pessoas
influentes da região, inclusive para os próprios assassinos.
Apesar da cobertura da mídia e do especial empenho de alguns
jornalistas, o caso ficou impune. Araceli só foi sepultada três anos depois.
Sua morte ainda causa indignação e revolta. O dia 18 de maio foi instituído em
1998, quando cerca de 80 entidades públicas e privadas, reuniram-se na Bahia
para o 1º Encontro do Ecpat no Brasil. O evento foi organizado pelo Centro de
Defesa de Crianças e Adolescentes (CEDECA/BA), representante oficial do Ecpat,
organização internacional que luta pelo fim da exploração sexual e comercial de
crianças, pornografia e tráfico para fins sexuais, surgida na Tailândia. O
encontro reuniu entidades de todo o país. Foi nessa oportunidade que surgiu a
ideia de criação de um Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual
Infanto-Juvenil.
De autoria da então deputada federal Rita Camata (PMDB/ES) -
presidente da Frente Parlamentar pela Criança e Adolescente do Congresso
Nacional -, o projeto foi sancionado em maio de 2000.
Desde então, a sociedade civil em Defesa dos Direitos das
Crianças e Adolescentes promovem atividades em todo o país para conscientizar a
sociedade e as autoridades sobre a gravidade da violência sexual.
O Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de
Crianças e Adolescentes vem manter viva a memória nacional, reafirmando a
responsabilidade da sociedade brasileira em garantir os direitos de todas as
suas Aracelis.
Lei 9.970 – Institui o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à
Exploração Sexual Infanto-juvenil
Art. 1º. Fica instituído o dia 18 de maio como o Dia
Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
Fonte: www.facabonito.com.br