8 de novembro de 2011

Bicho-Papão

Nervosa e agoniada, uma mãe tentava acalmar seu filho balançando-o no colo.

O menino gritava, dobrava-se para trás, puxava seu próprio cabelo com agressividade. A mãe dizia:

- Não fique assim, filhinho. Me diga o que você quer.

A criança empurrava o peito da mãe com as duas mãos e bradava um longo ai.

A mãe pegou o chocalho, jogando-o ao chão. A mãe pergunta:

- Me diga onde dói, meu bem.

Já não tendo opções, a mãe pegou a mamadeira e forçou o bico na boca do menino dizendo:

- Tome o mingau, fique calmo senão vou perder a paciência.

O menino cerrou os lábios, trancou os dentes, fez cara de mau e escondeu o rosto no ombro da mãe. Irritada ela disse:

- Estou perdendo a paciência e vou chamar o bicho-papão.

Essa afirmação fez o menino gritar ainda mais, mostrando pavor. A mãe gritou aborrecida:

- Bicho-papão, pega ele!

A porta se abriu e, então, ouviram-se passos lentos e firmes. A criança levantou a cabeça e a mãe falou:

- Não disse que o bicho-papão vinha te pegar?!

O menino fica parado, soluça sentido. Seu corpo aos poucos vai relaxando, então, ele abre os braços, se empurra do colo da mãe e, entre sorriso, balbucia:

- Pa...pai!

Marcilene Araújo Silva da Costa
 
*Esse conto foi extraído do livro "Linha Literaria Multicampiartes - UFPA.






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