O menino gritava, dobrava-se para trás, puxava seu próprio cabelo com agressividade. A mãe dizia:
- Não fique assim, filhinho. Me diga o que você quer.
A criança empurrava o peito da mãe com as duas mãos e bradava um longo ai.
A mãe pegou o chocalho, jogando-o ao chão. A mãe pergunta:
- Me diga onde dói, meu bem.
Já não tendo opções, a mãe pegou a mamadeira e forçou o bico na boca do menino dizendo:
- Tome o mingau, fique calmo senão vou perder a paciência.
O menino cerrou os lábios, trancou os dentes, fez cara de mau e escondeu o rosto no ombro da mãe. Irritada ela disse:
- Estou perdendo a paciência e vou chamar o bicho-papão.
Essa afirmação fez o menino gritar ainda mais, mostrando pavor. A mãe gritou aborrecida:
- Bicho-papão, pega ele!
A porta se abriu e, então, ouviram-se passos lentos e firmes. A criança levantou a cabeça e a mãe falou:
- Não disse que o bicho-papão vinha te pegar?!
O menino fica parado, soluça sentido. Seu corpo aos poucos vai relaxando, então, ele abre os braços, se empurra do colo da mãe e, entre sorriso, balbucia:
- Pa...pai!
Marcilene Araújo Silva da Costa
*Esse conto foi extraído do livro "Linha Literaria Multicampiartes - UFPA.
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